segunda-feira, 30 de maio de 2011

Forma e Solado






Como vocês viram no post passado, compramos os materiais para estudar a técnica de produção de calçados, mas faltou um instrumento essencial, a forma!


A forma tem como principal objetivo auxiliar o dimensionamento do volume do calçado. Como iremos fazer sapatilhas artesanais com o tecido que sobra da confecção de roupas, ele será elemento chave na produção. 

Como procuramos em Brasília e não encontramos, resolvemos fabricar um. Decidimos fazer a forma de gesso e utilizar como piloto, a numeração 36, assim como a palminha comprada.


Para que fosse possível chegar ao molde fizemos uma forma, usando a superfície do pé. Revestimos com filme plástico para que o gesso não grudasse. 


Depois adicionamos camadas sucessivas de gaze e gesso até ficar com uma espessura resistente. 


Esperamos o gesso secar e iniciamos o corte da forma. Era preciso retirá-la sem estragá-la e de uma maneira que possibilitasse fecha-la novamente. 


O processo foi bem sucedido! o// 

Revestimos a parte interna da forma com óleo para facilitar a separação das duas partes posteriormente. Em seguida, colocamos o gesso dentro da forma.


Em paralelo com essa atividade tentamos estabelecer um outro molde para a fabricação do solado. Usamos como referência a palmilha comprada e para comparar o solado de uma sapatilha.


A diferença entre os moldes é de que a palmilha é mais quadrada na ponta e o solado da sapatilha mais arredondado

Concluímos então, que seria importante comparar os moldes do solado com a forma, para então chegarmos a uma forma mais precisa.  

A forma está secando. Logo em seguida, ela será aberta e será feito um acabamento para que possamos usá-lo como ferramenta de trabalho. 

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Publicitária de corpo, Artista de alma

Como estamos falando de design, artesanato, cultura e projetos acadêmicos, resolvemos fazer uma entrevista referente aos temas.

Fernanda Mujica Pedrosa é estudante de Publicidade e Propaganda da Universidade de Brasília. Em outubro fez um curso de História da Arte na Espanha. Depois dessa experiência maravilhosa, resolveu ir para o Chile fazer um intercâmbio na Faculdade Católica do Chile. 

Fizemos algumas perguntas para ela e fomos respondidas com uma crônica bem humorada que relata suas experiências de vida e acadêmicas.



Estudar publicidade não é como ser Paleontóloga. Primeiro, o óbvio, você não vai passar o dia buscando dinossauros usando shorts caquis. Depois, ninguém nunca vai te convidar pra participar de um parque com dinossauros vivos, no qual você vai viver a grande aventura da sua vida. 

Estudar publicidade é ter essa possibilidade e outras mil também. O comunicador sabe tudo um pouco e muito de nada. Pronto, escolhi a minha profissão. Falta de estabilidade, mente ociosa e aberta pra qualquer idéia me moveram a fazer o vestibular.
Meu perfil desacomodado se manifestou pela primeira vez quando fui possuída pelo espírito de Andy Warhol e decidi que Publicidade era Arte. Eu quis fazer todo curso possível e imaginável sobre artes do mundo. Queria ser a melhor, pintar um quadro com um pé e vender por milhões. Comecei com História da Arte, estudei Romantismo, Arte Contemporânea, Fotografia... Enfim, descobri minha amante. Eu sempre ia amar a Publicidade, mas lá no fundinho, meu coração batia mesmo quando tava tirando um tempo com as Artes.
Foi quando eu já estava no quarto semestre que um novo espírito me possuiu, dessa vez, Picasso. Me deu vontade de conhecer a Espanha, saber o que aconteceu lá o que acontecia. Fiz oito macumbas e implorei para todos os professores me deixarem ir. Sim, eu estava no meio do semestre e não podia esperar. Busquei um curso e depois de mais duas galinhas mortas pra convencer meu pai, lá estava eu, comendo Paella e visitando a casa de Dalí. Amei a sensação... Estar só descobrindo um mundo completamente novo.

Foi quando eu fiquei viciada. Voltei pro Brasil e tive uma depressão pós-viagem. Decidi que era hora de voltar ao desconhecido. Me inscrevi em todos os intercâmbios da universidade. Balé na Alemanha? Beleza! Engenharia Espacial na China? Lindo! Foi quando eu recuperei a razão (meu pai me deu um sopapo) e me inscrevi no que eu queria mesmo. Artes no Chile. Porque Chile? Simples. Mesmo fuso, e resquícios familiares lá.

Cheguei sem esperar muito, até que tive a primeira aula. Quando terminou tive vontade de chorar, juro que fiquei emocionada. Aprendi mais em uma única aula que em todo meu curso. Que universidade linda, que professor empolgado. A estrutura da NASA pra aprender ajudava muito, mas a turma empolgada e o assunto super atual me faziam feliz. Tirando que o país é super europeu. Todos os shoppings tem um espaço para Design (e eu não to falando de bolsas de tampinha de coca-cola não, Design de primeira mesmo).
Agora estou aqui. Aprendendo o que são linhas, como fazer um livro de contos infantil e como me virar no frio congelante. O Design aqui no  Chile é levado a sério e pela primeira vez me sinto como uma profissional. Tudo aqui é pensado. As embalagens são lindas, os artigos de papelarias melhores ainda. E o que me interessa mais é que apesar de ser um país aonde se encontra qualquer coisa de qualquer lugar do mundo, se percebe também uma identidade chilena. O artesanato aqui assume seu lado Mapoche indígena e mostra que algo pode ter um design moderno e ao mesmo tempo se referir ao passado.
Essa experiência é algo que recomendo a todos. Mudar sempre, correr atrás (se não fosse minha força de vontade, ou insistência chata, nunca teria acontecido) o problema é que vicia, e muito, uma vida normal e feliz se torna pacata e sem graça. Já estou eu aqui começando a estudar Francês, to sentindo umas vibes meio Toulouse-Lautrec.

France m'attend!


Para quem gostou, segue o blog da Fernanda: http://calvineeu.blogspot.com/

domingo, 22 de maio de 2011

Busca por materiais (parte 2)

Algumas pessoas recomendaram a Brotinho Couros, da 310 sul, como possível lugar onde encontraríamos artigos para sapateiro (solados, palmilhas, cola, formas etc). Conseguimos quase todos os materiais, menos a forma para confecção que, aparentemente, só tem em Goiânia (alguém vai passar por lá esse mês? :) ). Acreditamos, na verdade, que o maior benefício da ida à loja foi uma longa e inesperada conversa com o vendedor nota 10 Wanderson que sabe bastante teoria sobre confecção de sapatos. Com os esclarecimentos dele, nossa lista de compras mudou e saímos com a certeza de que nós conseguiremos aprender E fazer artesanalmente sapatos desenhados por nós e pelas nossas companheiras de projeto do Encanto das Artes, estabelecida no Recanto das Emas.


Nossas primeiras compras envolveram:
1) Cola de sapateiro cascola (simples, para colar)
2) Borracha EVA 3mm (para o fofinho de dentro do sapato)
3) Borracha Miolo e Canelada (para fazer o solado antiderrapante)
4) Borracha MSM látex (para fazer a elevação suave do calcanhar)
5) Plástico Petropolis (é um couro sintético, para forrar a parte de cima do solado)
6) Plantex (dá a forma e a rigidez ao sapato)
7) Palmilha (para servir como forma 2d das peças)
8) Pincel (simples, para passar a cola)

O uso desses materiais será detalhado abaixo junto com alguns aspectos da montagem aprendidos na visita à Brotinho Couros.

O último passo da montagem do sapato é a colagem do solado.
O tecido do corpo do sapato é colado entre o Plantex e o solado (ou o salto, se for o caso).
Muitas vezes não é necessário costurar, a cola resolve.
O EVA é para o focinho do calcanhar e embaixo dos dedos, não para o sapato todo.
A cola deve ser passada nas duas faces a serem unidas. Deve-se esperar um pouco após a passagem da cola para que ela fique liguenta e só então unir as partes.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Busca por Materiais (Parte 1)

No dia 16 de maio nos lançamos em nossa primeira empreitada em busca dos materiais necessários para nossos testes. Destino, centro de Taguatinga. Tínhamos a informação de que lá com cer-te-za encontraríamos solados e formas de confecção, o materiais que sabíamos ser os mais difíceis de achar. Fomos ao local sugerido e não encontramos a loja, então resolvemos pedir indicações de qualquer loja que pudesse ter o que precisávamos aos comerciantes. Depois de cruzar a Eptg umas 7 vezes seguindo as indicações do tipo "pode ir lá que eu tenho certeza absoluta que vai ter", demos por concluída nossa busca em Taguatinga e voltamos pra casa. Agradecemos ao metrô pela ajuda.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Consumidores e Concorrentes

Antes de qualquer coisa, gostaria de comunicar que a Juliana Albuquerque, também aluna da disciplina de PP3, entrou para o projeto! o//


Para entender melhor os possíveis consumidores e concorrentes do produto que será criado, resolvemos aproveitar que estava tendo Feira da Lua no Gilberto Salomão e ir até lá. Foi elaborado um pequeno questionário para traçar o perfil do consumidor e tiramos fotos de looks do público alvo que desejamos alcançar.

Podemos perceber que a Feira da Lua é uma opção de lazer e não somente de compra. Como funciona nos finais de semana, durante o dia todo, muitas pessoas almoçam no Gilberto e depois aproveitam para olhar a Feira. A grande maioria dos visitantes são mulheres! Sim, elas dominam a Feira! De vez em quando aparece um marido ou namorado perdido por lá. Provavelmente devem estar procurando as respectivas que desaparecem na imensidão da Feira, composta por inúmeras stands dos mais diversos produtos voltados para o público feminino. 

Essas mulheres são das mais diversas idades, mas tem algo em comum entre elas, a vaidade e a vontade de encontrar algo que gostem. Perguntamos para elas o que define a compra de um sapato: moda, design, preço, qualidade ou conforto.  Foi difícil dar uma única resposta, por isso permitimos que escolhessem mais de uma. 
Os resultados foram: 

66,67% - design
53,33% - conforto
46,67% - preço;
33,33% - qualidade;
6,62% - moda

Além disso, elas encontram-se nas classes A e B e estão dispostas a pagar de R$ 50,00 até R$ 200,00 por uma sapatilha! Na Feira existem quatro stands que vendem sapatilhas. Elas são de couro sintético, cores variadas, com aplicações, fivelas, strass e etc. Os preços variam de R$ 25,00 a R$ 69,00.



Registramos 15 looks, os quais puderam mostrar que são mulheres modernas, independentes e de personalidade própria. Se vestem da maneira que gostam e se sentem bem. Para um passeio durante o dia, para ir a Feira como foi o caso, preferem usar roupas fresquinhas e casuais. E, mesmo assim, conseguem manter a feminilidade por meio de estampas, acessórios e composições. 


segunda-feira, 9 de maio de 2011

Encanto das Artes

O Encanto das Artes é um grupo artesãos que confecciona roupas e acessórios. As produções são diferenciadas pela criatividade dos bordados e aplicações que as compõem. 

O grupo localiza-se no Recanto da Emas, Brasília - DF. É composta por 15 mulheres e apenas 1 homem!  o.O  Para grande maioria é uma fonte extra de remuneração. Ela é assistida pela Incubadora Social e Solidária - CDT, que tem como principal objetivo apoiar continuamente o empreendimento.


Esse grupo foi a escolhida para o projeto. A idéia é reaproveitar os tecidos que sobram da confecção de roupas e fabricar sapatilhas artesanais

Visitei o grupo juntamente com Hyrla Moss, designer da Incubadora Social e Solidária. O objetivo foi conhecer de perto o trabalho do Encanto das Artes e propor o projeto de confecção de calçados aos membros.  

Ao chegarmos lá, fomos recebidas com muito carinho e alegria pelo senhor Raimundo, Mariane e Maria da Paz. A proposta foi rapidamente aceita sem qualquer resistência. Pude perceber que estão abertos a novos projetos e que existe a vontade de crescer e inovar.


Mariane ficou super contente e declarou "Ninguém na praça vende esse produto, só nós vamos ter. Estou até imaginando como vai ficar lindo!" e começou a simular alternativas.

Para minha surpresa, os produtos são expostos na Feira da Lua, BSB Mix e Feira Internacional de Artesanato. Enxerguei então, uma grande oportunidade de mercado que deve ser explorada. 


terça-feira, 3 de maio de 2011

O Design de Viver

Após a palestra, Roberta propôs que o projeto da disciplina fosse feito juntamente com uma cooperativa. A idéia é desenvolver produtos e ao mesmo tempo capacitar e orientar artesãos

Achei a idéia bastante desafiadora! Mas...como poderia projetar um produto que a sua fabricação é artesanal e intuitiva? E até onde poderia projetar sem destruir o que já havia sido concebido pelos artesãos? 

Comecei a pensar em toda a relação entre desenho técnico, modelagem, ergonomia, propriedades dos materiais, encaixe, processo de fabricação... e tramas, materiais reaproveitados, fibras naturais, cultura regional, ensinamento de mãe para filha... 

Então percebi que eu estava muito engessada em um design puramente industrial. O meu maior desafio seria projetar produtos mais intuitivos, conceituais e ao mesmo tempo usar, não como prioridade, mas como elemento auxiliar, toda a parte de "engenharia" que havia aprendido. 

Sendo assim, a primeira etapa que resolvi fazer foi uma pesquisa de referência de produtos artesanais/industriais, texturas, tramas e misturas de materiais. E para minha surpresa, não foi difícil encontrar encontrá-los. Percebi que bastava olhar a minha volta e ver que o artesanato também pode ser design.







domingo, 1 de maio de 2011

O Design no contexto sócio-econômico atual: criatividade e consciência a serviço do desenvolvimento sustentável e bem-estar social

Esse é o título de uma palestra fantástica de Roberta Brack e Jonas Berttucci. Aqui irei escrever um pouco do que foi falado.

Vivemos em um contexto atual de deterioração ambiental, que é manifestado pela saturação do mercado, desemprego, proliferação de guerras regionais pelo controle dos recursos naturais, emigração, dificuldade de imaginar o futuro. (Manzini, 2008)

Como o designer pode agir dentro deste cenário? - questionou Roberta Brack.

A Designer afirmou que "As habilidades do designer muitas vezes são dirigidas em busca de soluções orientadas a idéias individualistas e imediatas de bem-estar para o consumidor e garantia de lucro para o produtor / vendedor. A única contribuição que aparentemente podemos dar é justamente projetar e produzir artefatos"



Mas será mesmo que é essa a contribuição que o designer pode fazer em prol da sociedade?

Roberta começou a explicar sobre bem-estar. Quando relacionado ao consumo, torna-se insustentável. Ao ser relacionado ao acesso a serviços e experiências que satisfazem necessidades intangíveis, pode-se construir um estilo de vida sustentável. Caso essa última relação, seja aplicada no contexto atual, pode-se ocorrer o efeito bumerangue e tornar-se ainda mais insustentável. 

Segundo a Designer, "As novas necessidades intangíveis tendem a ser adicionadas às antigas necessidades materiais, e não substituí-las",  outros motivos foram apontados, "A velocidade e a  flexibilidade dos novos estilos de vida implicam a mesma velocidade e flexibilidade no acesso aos serviços que, por essa mesma razão, proliferam" e "Serviços e experiências, por si só, podem ser imateriais, mas seu fornecimento pode se basear em um alto nível de consumo material".   

A crise dos bens comuns e o desaparecimento do tempo lento e contemplativo, também foram apontados. Como consequência, estão sendo difundidos os bens remediadores, que tentam tornar aceitável um contexto de vida que está sendo deteriorado. 

"Compra-se água purificada engarrafada porque a água natural está poluída; deslocamos-nos para distantes paraísos turísticos porque a beleza local foi destruída; compramos sistemas domésticos de segurança eletrônico porque os vizinhos não mais vigiam discretamente e sem custo" observou Roberta.



Após essa introdução sobre o contexto atual, ela explicou que o bem-estar sustentável deve considerar as qualidades do contexto de vida. E apresentou uma nova proposta de bem-estar, o bem-estar ativo.

Essa nova proposta está relacionada a liberdade do indivíduo ser o que ele deseja e incentivá-lo a fazer, agir. Na qual o designer tem responsabilidade perante a sociedade.

"Se o designer interfere claramente na sociedade baseada no consumo por meio daquilo que projeta, poderá também interferir de modo a orientar as escolhas e percepções do indivíduo diante os problemas da sociedade e do planeta" disse Roberta.



"Produtos e serviços devem ser concebidos como sistemas habilidades, que colaboram na obtenção do resultado desejado pelo usuário, oferecendo a ele os meios para empregar suas próprias capacidades nesse processo e estimulando seu desejo de fazer parte do jogo" conclui a Designer propondo um trabalho coletivo da população para melhorar o contexto atual.